Estudando Espiritismo

Equilíbrio

equilibrio

Valdenir de Paiva Baggio

CEVS – Centro Espírita Vinhas do Senhor

             Indiscutivelmente, o equilíbrio é necessário para que tenhamos uma vida tranqüila e profícua, más obtê-lo é tarefa árdua e diária. Diferente do que muitos pensam, sua aquisição depende de esforços contínuos e pequeninos, às vezes imperceptíveis em determinados momentos e que causam repercussões em nosso presente e futuro.

No calor do dia a dia, na agitação do trabalho ou nas obrigações familiares e sociais, geralmente não damos conta do tanto de ações equivocadas que tomamos, gerando sérias repercussões: Uma palavra mal-educada, um gesto bruto, um olhar gélido, uma conversa desnecessária, uma intolerância evitável, um julgamento infeliz, tudo isso repercute de forma negativa no nosso equilíbrio diário. Geralmente levamos muito tempo para compreender que devemos mudar o comportamento para nos tornarmos felizes e satisfeitos. Essas ações ruins que tomamos sem perceber funcionam como uma poluição que nos enegrece os sentimentos venturosos e nos arrastam para caminhos sombrios e depressivos. Tornamo-nos amargos, de difícil trato e evitados por aqueles que compartilham conosco muitos momentos. Fugimos do convívio social, sem perceber, para que os outros não percebam nossa pequenez interior. Justificamos nosso afastamento como necessidade de descanso ou refazimento das energias, mas na realidade, fugimos do contato por não suportarmos nem a nós mesmos.

Desequilibrados, não reconhecemos nossas falhas, que vemos frequentemente estampadas em outras pessoas. Passamos a ver somente os pontos negativos, que nada mais são do que a exteriorização daquilo que jaz dentro de nós.

Com o passar dos anos, a idade torna-se um santo remédio para os males que juntamos em nossa vida. Passamos a ter tempo para refletir, tempo para discernir, tempo para comparar, tempo para relembrar, tempo para analisar.

Sem a parcialidade que utilizamos à nosso favor nas justificativas mais descabidas, vemo-nos face à face com nossas atitudes e comportamentos pretéritos e começamos a entender que erramos… e muito. Como toda ação gera uma reação, mesmo que isso demore um determinado tempo, a dor do remorso começa a agir e as mudanças começam a acontecer.

Não adianta tentar se esgueirar, pois tudo está registrado em nossa consciência. É necessário encarar, rever posturas e mudar. Muitos, na fraqueza característica de cada um, entram em estado depressivo ao invés de reagir e tentar corrigir o que ainda pode ser corrigido. A esses, a dor será a companhia até que se esgote o fel que criaram para si próprios, se modifiquem e se reconstruam interiormente. É um longo trabalho…

Para aqueles que compreendem e aceitam seus erros, se perdoam e pedem perdão aos prejudicados, revêem comportamentos e tomam ações construtivas, se aproximam rapidamente do equilíbrio que lhes gerará a tranqüilidade e paz consciencial.

Relembro aleatoriamente atitudes, palavras, ações que tomei no decorrer de minha vida. Muitas ainda me espinham por saber que poderia ter servido mais, abdicado de mim, acolhido, ajudado, sido menos frio, mais afável, mais caridoso, mais irmão. Agora o tempo passou, já não tem como voltar lá atrás e refazer e, se não tomar cuidado, também posso entrar neste quadro depressivo. O remédio para isso? Aceitar.

Aceitar que somos falíveis e que estamos em fase de aprendizado. Aceitar que somos ainda pequeninos que pensam ser gigantes, mas que na primeira dor de barriga, tudo que sonhamos é com um colo acolhedor de mãe. Aceitar que erramos e ainda iremos errar muito, mas ter consciência desta nossa condição e ter responsabilidade de assumir e corrigir nossos erros, perdoarmo-nos e perdoar. Quando não se aceita, guardamos tudo isso em nosso íntimo e isso nos adoece espiritualmente, depois fisicamente.

Fator determinante para nossa saúde física e mental é o equilíbrio constante, nas ações, gestos, posturas e palavras. Não tentar ser mais que somos, nem menos do que devemos ser. Não tentar corrigir o mundo, mas ser o exemplo ao mundo, corrigindo-nos a cada instante. Não negar a mão amiga e acolhedora aos que nos pedem o socorro diário, afastando-nos do dever humano e social que nos coloca na posição de agentes do bem ou anjos da guarda aprendizes. Devemos sim, aproveitar esta oportunidade para exercitar nosso lado bom, corrigir nossos atos egoístas e imaturos de um passado que muitas vezes nem sequer lembramos e servir. Servindo, a balança de nossa vida movimenta-se um pouquinho mais no sentido de nos reequilibrar.

Vigiar sempre. Vigiar nosso olhar, nosso pensamento, nossas ações, nosso trabalho, nosso relacionamento. Vigiar e corrigir. Entender que erramos e que devemos nos acertar. Nisso tudo, o mais difícil é lutarmos contra nós mesmos. Quando vencermos esta batalha interior, os obstáculos do mundo passarão a ser pequenos demais para nós.

Lembremos: sofremos porque erramos e não corrigimos. Vamos corrigir! Vamos nos reequilibrar!

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