Cotidiano - Wellington Balbo

Mais uma de Kardec…

Tempo

Wellington Balbo – Salvador BA

 Na Revista Espírita de março de 1860, com o título “Cartas não assinadas”, Allan Kardec informa aos leitores que as cartas sem assinatura vão para o cesto, ou seja, não são publicadas, não recebem respostas e sequer são lidas.

Para o francês, ou informa quem é ou nada feito, sem meio termo. Assinala Kardec que em face dos inúmeros preconceitos vigentes na época e da dificuldade em assumir posições, ele só publica os nomes dos remetentes se for autorizado. Porém, para seu registro é fundamental as correspondências estarem assinadas.

Alguns indivíduos mais sensíveis com palavras tão diretas podem pensar que Kardec fora mal educado.

Nada disso. Ele fora apenas bem direto, sem rodeios. Era o seu estilo, objetivo, rápido e sem tempo a desperdiçar.

Recordo-me que, certa vez, conversava com um amigo, papo ameno, no entanto, em dado momento ele me pediu licença para encerrarmos a conversa, pois tinha de ler um livro.

Uma pessoa que presenciou o fato ficou muito incomodada a julgar ser o amigo alguém insensível.

Vi a questão por um outro lado. Ele não fora insensível, apenas queria otimizar o seu tempo.

Em suma, temos a tendência de perdermos tempo com abobrinhas, jogando conversa fiada fora.

Uma fofoca aqui, um comentário bobo acolá, uma piadinha mais adiante e, quando percebemos lá se foram 30 minutos desperdiçados com bobagens.

Fique claro que não me refiro a conversa saudável com o intuito de agregar valor a todos, mas ao papo furado…

Em cada artigo de Kardec colhem-se preciosos ensinamentos. Ele não tinha tempo a perder com quem não se identificava.

Homens ocupados, sérios e dedicados não têm tempo para perder com trotes ou abobrinhas do gênero e, por isso, colocam regras e estabelecem métodos para trabalhar. Com isso ganham tempo, eu diria que se vestem com roupa de polvo e podem, então, abraçar as inúmeras atividades que se dispuseram a realizar outrora… Mas para isso é preciso disciplina e uma boa dose de bom senso, coisas que sobravam em Kardec…

 

 

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