Richard Simonetti

O ESPELHO

Richard - espelho

 

 

Richard Simonetti
Do livro: Para Rir e Refletir – CEAC Editora

            À entrada do salão de reuniões, no Centro Espírita, enorme espelho.

– Para que? – pergunta o visitante a um diretor.

– Oferecemos aos que entram a possibilidade de identificar sua própria condição espiritual.

– Não entendi…

– Definir se é um Espírito encarnado ou desencarnado.

– Como estabelecer a diferença?

– O morto não se reflete no espelho.

– Então, se eu não me enxergar…

– Comece a rezar!

Caro leitor, não estou sugerindo que você providencie espelhos para a instituição espírita da qual participa.

Há procedimentos mais razoáveis, diante dos sofredores do Além e, sem dúvida, mais amenos, menos chocantes.

Já pensou? Alguém não ver sua imagem refletida!

Será capaz de “desencarnar” novamente… de susto!

Brincadeiras à parte, a experiência em reuniões mediúnicas demonstra que um dos grandes problemas de muitos desencarnados está em não reconhecer sua própria condição.

O filme O Sexto Sentido, que fez sucesso no cinema e ainda hoje é procurado em locadoras de vídeo, gira em torno de uma situação dessa natureza.

Um psicólogo morre assassinado e não percebe.

A ação envolve suas perplexidades.

Pretende continuar exercitando as atividades normais, esbarrando em incompreensível dificuldade no relacionamento com as pessoas, particularmente sua esposa, que julga afastada e distante.

Participante de reuniões mediúnicas há muitos anos, converso, freqüentemente, com Espíritos atarantados, empolgados por idéias e atividades da Terra.

Prendem-se de tal forma aos interesses, vícios e paixões, envolvendo a vida terrestre, que não conseguem identificar a dimensão espiritual, situando-se como sonâmbulos que falam e ouvem.

Alguns exemplos:

 

  • O evangélico, nervoso porque o acordaram do sono que deveriam prolongar-se até o juízo final.

 

  • O avarento, a imaginar, irritado, que os familiares pretendem roubá-lo, apossando-se de sua herança.
  • O viciado, ansioso por cigarros, álcool ou drogas.
  • O acidentado, que se julga preso nas ferragens do carro.
  • O chefe de família, perplexo ante a indiferença da esposa e filhos.
  • O doente, que reclama dos achaques que caracterizam a enfermidade que o vitimou.

Empolgados por pensamentos e sensações voltados para a vida física, não conseguem identificar a realidade espiritual nem a presença de amigos e familiares desencarnados.

Situam-se como doentes mentais, afastados da realidade.

O processo mediúnico os auxilia, porquanto, em contato com as energias do médium e do ambiente, sentem-se revitalizados e despertam, ensaiando lucidez.

A partir daí, procuramos modificar suas disposições e induzi-los à oração. Isso os habilitará a receber o socorro da Espiritualidade, favorecendo sua adaptação à vida além-túmulo.

Como sabemos, ninguém ficará para semente.

Todos retornaremos um dia à pátria espiritual.

Seria de bom alvitre, portanto, estarmos preparados para a grande transição, a fim de não nos candidatarmos a vagar por aí como almas penadas.

Não é difícil.

Basta nos mirarmos, diariamente, num espelho muito especial – a consciência.

Façamos a nós mesmos duas perguntas fundamentais:

Temos feito todo Bem?
Temos evitado todo mal?

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