Richard Simonetti

Para que não se esvazie o planeta

Richard - PARA QUE NÃO SE ESVAZIE O PLANETARichard Simonetti

Extraído do Livro.: A Saúde da Alma – CEAC

 

Fala-se atualmente, no meio espírita, sobre grandes transformações que ocorrerão neste século.

Evoca-se a anunciada separação do joio e do trigo, dos bodes e das ovelhas, como propunha Jesus.

Expurgado o planeta dos Espíritos comprometidos com o mal, estaríamos a caminho do Reino de Deus, da instalação do paraíso terrestre, onde todos viverão em paz, unidos e felizes para sempre.

Acontecimentos funestos, como tsunamis, terremotos, aquecimento global, furacões, secas, enchentes, deslizamentos, incêndios, promovendo a morte de multidões, seriam os sinais da grande mudança.

Encaro com alguma reserva essas insólitas previsões.

O leitor amigo há de permitir-me algumas considerações.

Em princípio, os fenômenos telúricos que agitam as entranhas de nosso planeta, promovendo mortes e destruição, não constituem novidade.

Ocorrem desde a formação da Terra, há aproximadamente quatro bilhões e quinhentos milhões de anos, quando nosso planeta situava-se por massa de fogo incandescente.

No passado, antes mesmo do aparecimento do Homem, eram muito mais numerosos e violentos, não para castigar uma Humanidade que ainda não existia, mas, simplesmente, porque são próprios de nosso planeta.

Tivemos, por exemplo, eras glaciais em que nosso mundo virou uma pedra de gelo.

Houve, também, períodos de erupções vulcânicas, quando as entranhas da Terra cuspiram fogo por todo o planeta e não havia ninguém aqui para torrar, no indeclinável propósito de resgatar débitos cármicos.

 

***

 

Por outro lado, há uma observação sumamente importante de Jesus, nas Bem-aventuranças, em O Sermão da Montanha (Mateus, 5:5):

 

            Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra.

 

            Salvo melhor juízo, Jesus estava proclamando que na grande transição vão permanecer na Terra os que houverem conquistado a mansuetude.

Daí fica complicado, meu caro leitor, porquanto se esse magno evento ocorrer neste século ou nos próximos, você pode imaginar o resultado:

A Terra quase deserta!

O motivo é simples: raríssimos são mansos.

O vocábulo manso está tão desgastado que equivale a xingamento.

Se eu chamar você de manso provavelmente irá ofender-se, como se estivesse a dizer-lhe que é um covardão, com sangue de barata em suas veias, incapaz de reagir a ofensas e prejuízos que lhe causem.

Acontece pior quando alguém é traído pela gentil esposa e não a agride e repudia ou mesmo cogita de matá-la, na legítima defesa da honra, como pretendem os machistas incorrigíveis.  Fofoqueiros empregam esse vocábulo de forma extremamente pejorativa, associando o pobre marido aos bovinos que ostentam aqueles pontudos apêndices ósseos na cabeça.

No entanto, manso é simplesmente alguém que venceu a agressividade e guarda raízes de estabilidade em seu próprio íntimo, sem reações insensatas e intempestivas.

Bem sabemos que o elemento gerador de todos os males humanos é o egoísmo, cuja manifestação mais evidente é a agressividade, em gestos, pensamentos, palavras, ações…

Por isso, as pessoas se desentendem, os grupos se agridem, as nações entram em guerra, a confusão reina no mundo.

Assim considerando, parece-me, leitor amigo, que a decantada civilização cristianizada do terceiro milênio demorará ainda algum tempo para instalar-se, digamos alguns séculos, talvez até o final deste milênio.

Muita água rolará no rio do tempo até que soem as trombetas do apocalipse a anunciar o advento do Reino Divino.

Por enquanto, parece-me que a Bondade Celeste está a esperar por nossa adesão ao Evangelho, a fim de que não se esvazie o planeta em indesejável limpeza espiritual extemporânea.

 

 

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