Estudando Espiritismo

Parte III – Aborto – mecanismos para o reequilíbrio:

aborto

Indiscutivelmente, o universo nos impulsiona ao progresso e nos concede elementos para nosso aprimoramento. Toda ação nossa, contrária às leis universais, gera um mecanismo de correção natural.

Se tal mecanismo não existisse, haveria a possibilidade de durante um tempo excessivamente grande, nos perdêssemos no labirinto de nossa ignorância e não conseguíssemos encontrar o caminho seguro do aperfeiçoamento intelecto-moral.

Para que não perdêssemos tempo e nos comprometêssemos excessivamente com a contabilidade divina, Deus criou-nos com uma parte sutil chamada consciência, que é nosso juiz pessoal, que mesmo quando ainda adormecido pela nossa ignorância, nos julga e nos corrige automaticamente, em processo natural de reajuste.

Toda ação contrária ao natural, ao correto, gera uma reação. Esta reação é a lei perfeita que nos rege pedindo reajuste. Ela não nos pune, não nos flagela, não nos tortura. Ela tem a propriedade de nos despertar para os enganos cometidos.

Cegos que somos ainda, obstruídos pelo véu da ignorância, somente um despertar doloroso poderia nos acordar para a realidade da vida. Ofuscados pelo brilho da matéria, se torna necessário que a própria matéria nos mude a forma de pensar e nosso comportamento, reajustando-nos com lições, na maioria das vezes dolorosas, mas sempre assistidas pelas mãos misericordiosas do Pai.

O que fazer então, aqueles que erraram nos caminhos da vida cometendo o aborto?

Primeiramente tomar noção sobre o ato praticado. Enquanto não se der conta que cometeu um erro, a vida vai sempre lhe fustigar até que se pare, pense e encontre respostas para as dores que lhe assolam cada vez mais intensas.

Aquela pessoa que não achava que o aborto era um crime tem menos culpa sobre o ato praticado?

De certa forma sim, pois uma vez que se encontrava na ignorância do ato praticado, sua responsabilidade diminui um pouco de intensidade, mas não a isenta deste erro cometido.

E aquelas pessoas que sabiam que a vida já existia ali, mas mesmo assim cometeram o aborto?

Quanto maior conhecimento, maior a responsabilidade e maior será também o desequilíbrio que será gerado em seu psicossoma.

E se os pais incentivaram ao aborto, se o companheiro se isentou dessa responsabilidade ou também pediu que abortasse, qual a responsabilidade da pessoa que cedeu a esses apelos e cometeu o ato?

Pode servir de atenuante este fato, mas mesmo assim não a isenta da responsabilidade, assim como a responsabilidade dela passa a ser compartilhada com as pessoas envolvidas neste drama.

O pai da criança abortada tem a mesma responsabilidade da mãe que cometeu o aborto?

Se ele está diretamente ligado ao ato cometido, se o incentivou, tem tanta responsabilidade quanto a mãe.

Esse ato gerará desequilíbrios, como foi abordado neste estudo. Como corrigir esta falta?

Envolvendo-se com o amor. Somente o amor cobre a multidão de pecados que carregamos. A lei que nos rege é de amor e não de punição. Devemos ressarcir débitos pretéritos com o suor do nosso esforço, a obstinação da nossa vontade e com as fibras do nosso coração.

De que forma?

Cuidando do próximo, envolvendo-se com o próximo, principalmente na figura das crianças, trabalhando pela sua educação, zelando, orientando, doando amor, carinho, cuidados. As crianças têm a propriedade de reagirem muito bem às ações de amor que lhes são endereçadas. O véu do esquecimento pretérito proporciona este reencontro entre desafetos do passado e criam novos vínculos no presente, agora soldados pelo elemento amor, único isolante que possibilita repelir os sentimentos menos nobres do passado e dar uma sustentação definitiva para os novos elos indissolúveis que foram criados através da dedicação, do respeito, do carinho e do amor.

Para se reequilibrar é necessário pagar o mal com o bem, acordar para a vida, descobrir que todas nossas ações geram ações corretivas e que o caminho seguro é sempre o caminho do bem.

Hoje tenho depressão. Talvez seja por causa de um aborto provocado em um passado distante. Como devo agir para sair deste quadro?

Envolvendo-se com o bem. Não tem como apagar um erro do passado. O que dá pra se fazer é construir um novo presente, criando alicerces fortes para o nosso futuro. Envolver-se no bem é o santo remédio para todos os males da alma. A atividade no bem cria uma barreira que fará com que os elementos nocivos que se encontram em nosso psicossoma, desapareçam antes de serem drenados para o nosso corpo físico. Se já foi drenado e hoje estamos pagando pelos erros cometidos, envolver no bem ainda se constitui o remédio mais eficiente, único capaz de nos trazer de volta a saúde e o equilíbrio. Envolvendo-nos com o bem, nossos problemas ficam menores e mais fáceis de suportar, além de nos trazer uma grande soma de créditos para o futuro. Podemos dizer que fazer o bem é uma poupança para a nossa felicidade.

Para corrigir o ato do aborto eu não teria que receber este espírito como meu filho novamente?

A vida naturalmente os aproximará de uma forma ou de outra. Pode ser que ocorra ou não, mas uma coisa é certa: enquanto não se reajustarem, estarão ligados um ao outro.

E se a pessoa que cometeu o aborto se arrepender e não se perdoar pelo ato praticado?

Será um reflexo de sua consciência pedindo reajuste. Enquanto não corrigir esta falta, a consciência exercerá enorme pressão sobre ela, acentuando quadros como pânico, depressão, angústia, medo, vontade de desaparecer, etc… O indivíduo que errou necessita de caridade, necessita de compreensão, necessita de misericórdia. Mãos amigas, visíveis e invisíveis não lhe faltarão para que supere esta etapa, aprenda com os enganos e se estabilize novamente, física e espiritualmente. Para tanto, é necessário dar o primeiro passo que é o do arrependimento. O segundo passo é se desculpar e também pedir desculpas. O terceiro passo é pagar o mal com o bem. O próximo passo é não errar novamente para que não ocorra algo pior.

 

Para terminar, reitero que a lei que nos rege é de amor e não de punição. Aqueles que querem se corrigir, que sigam pelos caminhos do amor, da caridade, do trabalho, da benevolência. Não existem fórmulas mágicas ou pessoas que retirem de nós aquilo que nós mesmos colocamos. É necessário esforço e correção, quer queiramos ou não, quer aceitemos ou não. A vida não passa as mãos em nossa cabeça como fazemos com nossos filhos, muitas vezes fazendo vista grossa quanto ao erro cometido. A vida pede reparação imediata e nossa felicidade depende desta reparação. Não existe outro caminho.

Para quem quer trilhar realmente no bem, encontrará caminho extenso a percorrer, mas neste caminho nunca lhe faltará o primordial para conseguir chegar com êxito ao final da estrada.

Muita luz e paz!

 

Centro Espírita Vinhas do Senhor

Pouso Alegre, 30 de setembro de 2014.

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