Cotidiano - Wellington Balbo

A rejeição dói, mas não é o fim do mundo.

precipícioWellington Balbo – Salvador BA

Quando escrevia o livro Evite a rota do suicídio, no trabalho de pesquisa, constatei que muita gente sai pela porta dos fundos da existência, consumando o triste ato do suicídio, porque teve seu afeto rejeitado.

Casamentos, namoros, relacionamentos de décadas findam-se e há pessoas que não conseguem lidar com o término. Muitas desesperam-se porque depositaram todas as suas esperanças no outro e viveram em função dele.

E neste desespero questionam:

E agora, o que farei sem ele (a)?

Como disse anteriormente, alguns cometem o suicídio, outros tantos piram, literalmente e recusam-se a viver.

Claro que ser rejeitado não é “bolinho”, mas, convenhamos, está longe de ser o fim do mundo… É o fim, mas apenas de um relacionamento. Não pense você que quero malbaratar a sua dor, nada disto.

Ser rejeitado por alguém causa muita tristeza.

Entretanto, isto não quer dizer que não temos valor, mas, sim, que o outro optou por não estar conosco, o que é, diga-se de passagem, um direito dele.

Tenho visto muita gente desvalorizar -se porque foi preterido.

Bobagem. Vida que segue.

Dói? Dói muito, mas passa…

O conhecimento espírita ajuda um bocado ao informar que ninguém pertence a ninguém.

Somos Espíritos em progresso e estamos sujeitos a passar por essas provas.

Se bem a suportarmos, esta dor no coração poderá deixar-nos mais fortes e preparados para, quem sabe no futuro, vivenciarmos um amor bem bacana, recíproco, sem que tenhamos de implorar atenção e carinho… Um amor daquele tipo 50% e 50%, os dois olhando na mesma direção e prontos para crescerem juntos.

Recordo-me da história de uma amiga, a Sara. Casada há 10 anos com o Rafael, Sara voltou a estudar e convidou o seu amado. Ele não quis, preferiu ficar esperando-a no bar ao lado da faculdade. Sara foi progredindo, aprendendo, crescendo e seus horizontes abriram-se. Rafael ficou estagnado. Sara prosseguiu convidando-o a crescer, mas ele recusava-se. Estudar? Para quê? Aliás, já estava “velho” para aprender. Mas eis que após alguns anos ambos já não tinham mais assunto. Ela dizia para Rafael coisas sobre a terra, a água, o ar… E, como na música da Legião, ele nem fazia aulinhas de inglês.

Na questão de nº 300 de O livro dos Espíritos há interessante informação sobre almas que deixam de ser simpáticas. Num planeta como a Terra há o grande perigo de alguém evoluir e não mais nutrir simpatia pelos antigos amigos ou almas afins. Se alguém avança muito acaba afastando-se daqueles que não avançaram.

Foi o caso de minha amiga, penso que nem é preciso dizer que após anos juntos Sara e Rafael separaram-se.

Claro, já não tinham nada a ver um com o outro.

E o Rafael, o que fez?

Disse que a rejeição dói, mas não é o fim do mundo.

E, por isto mesmo não ficou por ai desvalorizando-se.

Após o tombo da separação refletiu bem em sua vida e voltou a estudar.

Sara, vendo sua disposição em mudar decidiu dar-lhe mais uma chance e, pasmem, após legalmente separados casaram-se de novo, de papel passado e tudo, com direito a uma bela festa e lua de mel…

E quem um dia irá dizer que não existe razão para as coisas feitas com o coração…

Desvalorizar-se não é, pois, o caminho.

Mais vale refletir nas razões que levaram ao término da relação e avançar, como fez Rafael…

 

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