Orson Peter Carrara

O “delay” na comunicação mediúnica

Orson Peter Carrara

Nas transmissões via satélite todos estamos muito habituados a constatar a existência de um espaço de tempo nos diálogos entre repórteres que dialogam entre si. É o chamado delay. São segundos de intervalo entre os que se encontram distantes e que dialogam ao vivo, cujo tempo chega a incomodar. Mesmo nas transmissões comparadas entre rádio e tv, incluindo a internet, é comum ocorrer que o grito de gol chegue atrasado.

Em síntese é um atraso e representa a diferença de tempo entre o envio e o recebimento de um sinal ou informação em sistemas de comunicação, ainda que milésimos de segundos.

E você já parou para pensar que existe também um delay nas comunicações mediúnicas? Desconsiderar esse fato pode levar à precipitação do dialogador que atende, por exemplo, um espírito em dificuldade. Nos diálogos com os espíritos, especialmente nos atendimentos socorristas de esclarecimentos, é preciso dar um tempo, aguardar a resposta. Afinal, mesmo que o espírito responda de imediato a uma indagação do esclarecedor, há que se considerar que a comunicação está num processo entre o autor espiritual e o médium que processa a informação.

Vale lembrar que médium é um intermediário, é uma ponte entre a origem da informação e o destinatário da comunicação, que normalmente é o dialogador encarnado. Trava-se aí um processamento da ideia comunicada, onde o médium tem ativa participação, pois que influi no conteúdo, tanto intelectual quanto moralmente considerado.

Há uma conexão entre o comunicante espiritual e o “meio” de transmissão que é o médium – cujas características de percepção, absorção e processamento variam ao infinito, especialmente em função de seu intelecto, de sua moralidade, da experiência e mesmo de suas variadas bagagens como ser humano encarnado e como espírito imortal.

Levando-se em conta esses detalhes, o esclarecedor precisa dar um tempo, aguardando as respostas, cujo tempo de processamento vai depender da experiência e dificuldade ou facilidade do médium, na assimilação da mensagem e sua transmissão no contexto do diálogo.

Existe ainda a influência do meio que pode dificultar ou facilitar igualmente o processo. As condições orgânicas e mesmo as emocionais e psicológicas do médium igualmente influenciam nesse quadro de decodificação do conteúdo. Um médium experiente, mais preparado, processará rapidamente, outro levará um tempo maior. Esse tempo pode variar de segundos a minutos e não deve impacientar o esclarecedor. Esse deve aguardar pelo menos um tempo relativo, até porque uma demora na resposta também pode representar retirada ou saída do espírito e mesmo ser algo proposital. Daí a experiência de sempre observar. O esclarecedor aprenderá isso com o tempo.

Mas é um assunto nunca falado que igualmente precisa ser abordado, até para diminuir a ansiedade dos esclarecedores mais novos. Por sua vez, o esclarecedor também precisa processar sua resposta, na maioria das vezes inspirada pelos bons Espíritos. É um processo mútuo. Aliás, a mediunidade é uma faculdade maravilhosa, fonte fecunda de aprendizados. Estamos sempre aprendendo com as experiências e a prática aprimora nossas tarefas.

Se nos diálogos entre nós, os encarnados, muitas vezes precisamos de um tempo para pensar por nós mesmos, considere que no intercâmbio mediúnico são duas mentes em conexão e sofrendo interferências variadas, levando, pois, um tempo para ser devidamente assimilada.

O aguardar pode reservar grandes surpresas e aprendizados.

 

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